Em aceno a evangélicos, Lula se reuniu no Rio com líder da Assembleia de Deus, aliado de Bolsonaro

RIO - Buscando se aproximar do eleitorado evangélico, principal base de apoio do governo Jair Bolsonaro segundo pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu na semana passada, no Rio, com o bispo Manoel Ferreira, líder da Assembleia de Deus de Madureira, uma das principais denominações do país. Ferreira tem manifestado apoio a Bolsonaro desde as eleições de 2018, mas antes foi aliado do governo Lula e chegou a apoiar publicamente a reeleição de Dilma Rousseff (PT) em 2014.

Segundo aliados de Ferreira, o encontro foi uma "visita de cortesia" articulada pelo deputado estadual André Ceciliano (PT), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A reunião ocorreu em um sítio de Ceciliano, no interior do estado, antes de Lula seguir para sua agenda oficial no Rio - que incluiu um almoço com o prefeito Eduardo Paes (PSD), na sexta-feira, e conversas com lideranças de esquerda na quinta-feira e no fim de semana.

Procurado pelo GLOBO, o deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP), líder da bancada evangélica na Câmara e membro da Assembleia de Deus, reiterou que a igreja e o bispo Manoel Ferreira seguem aliados de Bolsonaro. A foto do encontro entre Lula e Ferreira foi divulgada primeiramente nas redes sociais do ex-governador Anthony Garotinho, que disse não ter participado da reunião. Cezinha afirma ter entrado em contato com Garotinho para explicar as circunstâncias do encontro após a publicação da foto.

Também integrante da Assembleia de Deus de Madureira, o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) diz que há "gratidão" de Ferreira por conta de uma lei sancionada por Lula, em 2003, que deu personalidade jurídica própria às igrejas, evitando que fossem tratadas como outras organizações associativas, como clubes de futebol.

- A foto simboliza apenas isto, gratidão. Não há nenhuma orientação de algo diferente do que já viemos fazendo, que é dar apoio ao presidente Bolsonaro - afirmou.

Um aliado do ex-presidente Lula disse reservadamente que o encontro faz parte da tentativa do PT de "reelaborar a relação" com o segmento evangélico, mas de forma gradativa. Pastores considerados mais progressistas são críticos à postura de lideranças das principais igrejas do país, que apoiaram Bolsonaro em peso nas eleições de 2018, lista que inclui pastores como Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus.

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