Os céus de Ananindeua voltam a ser palco de turbulências políticas. O prefeito Doutor Daniel (PSB) está no centro de um novo escândalo que envolve o uso de duas aeronaves da empresa de saúde Altamed, contratada pela Prefeitura por quase R$ 27 milhões em repasses públicos.
Segundo denúncia apresentada ao Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) pelo advogado Giussepp Mendes, tanto o prefeito quanto seu aliado político, o senador Zequinha Marinho (Podemos), teriam utilizado os aviões mais de dez vezes cada nos últimos dois meses. As viagens, realizadas a diferentes municípios paraenses, teriam características de campanha eleitoral antecipada.
PAGAMENTOS MILIONÁRIOS E VÍNCULOS SUSPEITOS
A Altamed, de acordo com a denúncia, recebeu mais de R$ 26,8 milhões da Prefeitura de Ananindeua, sendo que mais de 80% desse valor foi pago a partir de 2024, período em que o MPPA intensificou as investigações sobre o prefeito.
O caso ganha contornos ainda mais delicados quando se observa o histórico empresarial do gestor. Em 2024, o Hospital Santa Maria, que pertenceu ou ainda pertence a Doutor Daniel, teve bens bloqueados pela Justiça, incluindo uma aeronave particular. Poucos dias antes da decisão judicial, o avião foi transferido para a empresa JD Agropecuária, também ligada ao prefeito.
O EMPRESÁRIO POR TRÁS DA ALTAMED
O dono da Altamed, Silvair Dias Ladeira Júnior, é vizinho de Doutor Daniel em um condomínio de luxo em Ananindeua. Ele foi denunciado pelo MPPA no último dia 3, acusado de participar de um esquema de corrupção, fraude em licitações e lavagem de dinheiro supostamente chefiado pelo próprio prefeito.
Registros da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) revelam que a Altamed não é proprietária nem operadora das aeronaves utilizadas por Daniel e Zequinha Marinho. Ou seja, não havia autorização legal para o uso dos aviões, que também não possuem licença de Táxi Aéreo. Ainda assim, teriam sido utilizados em deslocamentos sem registro de despesas oficiais — levantando suspeitas de favorecimento e uso indevido de bens privados com recursos públicos.
PEDIDOS DE QUEBRA DE SIGILOS E NOVAS MEDIDAS
Na petição ao MPPA, o advogado Giussepp Mendes solicita a quebra dos sigilos telefônicos, fiscais, bancários e de e-mail de Doutor Daniel e das empresas ligadas a Silvair Júnior, abrangendo os últimos 12 meses. Ele também pede mandados de busca e apreensão nas sedes das empresas e nas residências dos investigados, para recolher documentos, equipamentos e registros financeiros que possam comprovar as irregularidades.
Segundo Mendes, as medidas são fundamentais para garantir a preservação das provas e o esclarecimento dos fatos.
“É dever do Estado proteger o patrimônio público e assegurar a probidade administrativa em defesa do bem comum”, destacou o advogado.
CRIMES E PENAS POSSÍVEIS
Caso as denúncias sejam confirmadas, Doutor Daniel e os demais envolvidos poderão responder por improbidade administrativa, enriquecimento ilícito, dano ao erário, violação dos princípios da administração pública, além de crimes previstos na Lei das Licitações e na Lei Anticorrupção.
As penas, somadas, podem chegar a 11 anos de prisão, além de perda de mandato e inelegibilidade.
📰 Reportagem: Blog do Edinei Ferreira – onde a verdade decola primeiro
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