Marcelo Adnet revela que sofreu abuso sexual na infância

O humorista Marcelo Adnet revelou que sofreu dois episódios de abuso sexual na infância, aos 7 e aos 11 anos. O humorista relembrou os crimes cometidos por pessoas próximas da família e contou que precisou fazer terapia para lidar com o trauma. Os parentes só ficaram sabendo do ocorrido há dez anos, quando um dos abusadores morreu.

“Na primeira, nem sabia o que era sexo. O caseiro do lugar onde eu passava as férias começou a se aproximar de mim e pedir favores. Ele me chantageava dizendo que, se contasse algo a qualquer pessoa, meu cachorro morreria. Eu era muito ingênuo. Um dia, quando só estávamos eu e ele em casa, foi para cima de mim. Senti uma dor imensa, mas durou pouco porque meus parentes, que tinham ido ao mercado, voltaram para buscar a carteira”, relatou Adnet, sobre o primeiro estupro, em entrevista à revista Veja desta sexta (10).

“Mais tarde, o pesadelo se repetiu com um amigo mais velho da família. Ele não chegou a consumar o ato, como o caseiro, mas me beijou e passou a mão no meu corpo. Foram dois episódios difíceis”, complementou o artista.

Marcelo Adnet explicou ainda o motivo de ter mantido em segredo os crimes dos quais foi vítima. Segundo ele, o trauma o fez manter o silêncio diante até das pessoas mais próximas por vinte anos.

“Para se ter uma ideia, só depois da morte desse conhecido da casa, há cerca de dez anos, consegui contar à minha família. Hoje, já falo de maneira natural porque entendi, após anos de análise, que o constrangimento não é meu, e sim de quem me abusou. O que fica disso é o susto, o trauma, a desconfiança”, afirmou o ator de 38 anos.

Abuso na infância

Dados do Ministério da Saúde em 2019 sinalizam que os casos de abuso sexual no Brasil predominam na infância e adolescência (72% do total), sobretudo nas meninas (74% dos casos), com uma ocorrência precoce (51% antes dos 5 anos de idade) e tendência à repetição (42% são vítimas recorrentes).

Um dos principais mitos sobre os abusos sexuais é a ideia da casa como um lugar protetivo, ao passo que a rua e as pessoas desconhecidas são vistas como fatores de risco. Contudo, a maioria dos abusos sexuais (70% do total) acontece no ambiente familiar, em situações de consanguinidade ou proximidade.

Esta convivência diária com os seus agressores mobiliza sentimentos de desamparo e medo nas vítimas e perpetua esta violência, uma vez que em 1/3 dos casos o agressor abusou de outras pessoas no mesmo contexto doméstico. Por isto, costuma-se dizer que o abuso sexual não diz respeito somente ao agressor e à vítima, mas à família inteira.

Outro mito se refere à suposta incapacidade das pequenas vítimas em “falar a verdade”. No caso das crianças, se diz que elas têm uma linguagem pouco desenvolvida e podem mentir ou fantasiar sobre a violência; enquanto que uma acusação feita por adolescentes é considerada suspeita porque eles teriam discernimento para recusar o abuso sexual.

Ou seja, há uma dupla vitimização: dos abusos sexuais e da incredulidade dos adultos. Isto concorre para que esta forma de maus tratos seja uma das mais ocultadas, uma vez que a criança e o adolescente têm medo de falar e os adultos temem ouvir.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Polícia Civil prende principal suspeito do triplo homicídio que ocorreu em Santarém

‘A polícia não descarta nenhuma linha de investigação’, diz delegado Jardel sobre morte de Aguinaldo Promissória

Prefeitura de Santarém lança edital de concurso público