Relembrando a história de Belterra: Um grande susto no Dia das Crianças.

Há 48 anos, numa manhã de sexta-feira, 10, em outubro de 1969, a comunidade escolar do ainda Grupo Escolar Henry Ford, então sob a direção da professora Eliete Teixeira, comemorava alegremente o “Dia da Criança”, numa programação antecipada pelo fato do dia 12 ser um domingo.

Na área livre em torno do prédio, centenas de crianças, uniformizadas de azul e branco (as meninas) e cáqui (os meninos), se confraternizavam num grandioso recreio com as mais variadas brincadeiras infanto-juvenis, balas, balões e apresentações alusivas à elas, merecedoras da festa.

Esse universo discente livre, e fora das salas de aula era tamanho, que se tornava impossível aos professores, responsáveis pelas turmas em regozijo, mantê-lo nos limites da área estabelecida à recreação em clima ordeiro e isento de possíveis excessos.

E assim, alguns, com idade variando entre 12 e 15 anos e encorajados pela abundante energia jovial, sem serem vistos, se evadem do local em direção a gigantesca “Caixa D’Água”, do outro lado da Estrada 1, há poucos metros do grupo escolar.

Ao perceberem a ausência do vigilante (nesse tempo, pelo menos em 5 momentos ao dia era infalível a presença deste, para o ato de acionar a sirene nas horas determinadas pela administração), e a sós, e inspirados nas arriscadas façanhas perpetradas pelo popular “Zé Maria do Caqualinho” (que mantinha o hábito de escalar o histórico monumento ao seu bel-prazer), os jovens decidem por ascender a armação de ferro de mais de 50 metros.

Promovendo verdadeira algazarra, já se encontravam sobre o anel (varanda) que circunda o reservatório suspenso, quando são percebidos pelo comerciante da pequena taberna, localizado ao pé da imponente estrutura metálica, à entrada da Vila Sondagem, conhecido por “Leonel da Didi”. Aflito, o comerciante imaginou estarem brincando de “pira” e dá o alarme, com o pânico se alastrando imediatamente por toda a Estrada 1.

Assim, logo, logo, o burburinho é formado pela comunidade escolar que se transfere para o local, engrossada pela população do entorno, além de muitos servidores que deixam seus postos de trabalho, alguns escalados pelo “Doutor Chagas”, então diretor do ERT (Estabelecimento Rural do Tapajós), para a operação de resgate dos garotos.

Apesar do grande esforço coletivo, diante da inexistência de equipamentos e pessoal qualificado (bombeiros) para o extraordinário serviço, as ações que deveriam ser emergentes se arrastaram e os “meninos” conseguem descer por si só. Ao pisarem ao solo, incólumes, conseguem amainar o susto e o desespero que afligiam os professores e familiares presentes, por um contagiante alívio, seguido de muito contentamento.

Todavia, essa a aventura, sem precedentes na história da Vila (causadora de iminente risco e elástica repercussão), não ficou impune. Uma vez que na segunda-feira, 13, com os alunos devidamente identificados, os pais são convocados para uma reunião extraordinária com a direção do Grupo Escolar Henry Ford.

Ainda abalada pela inusitada ocorrência, e diante dos pais “Militão”, “Curi”, “Li”, “Jaguar”, “Periquito”, “Waldomiro” e “Eustáquio”, a diretora, professora Eliete de Figueiredo Teixeira, indiferente aos apelos destes prometendo puni-los em casa, decide, para servir de exemplo, quanto a pena imposta aos sete menores “Porronca”, “Natal”, “João Catarino”, “Tuchida”, “Rui”, “Léo Alberto” e “Ateval”, determinando que:

Reunidos na sala dos professores, sob o acompanhamento da professora Domicilia Alves Silva, se prestarão a escrever, em cadernos de papel almaço fornecidos pela instituição, 500 vezes a frase: “Não devo subir na varanda da caixa d’Água”.

Esse invulgar episódio, termina servindo como inesquecível lição de vida a todos.

∴ É Jornalista (Fontes: Arquivo Pessoal e ICBS). Facebook Oti Santos.

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