"Não quero que o Moro me absolva, só que peça desculpas", diz Lula

Em seminário sobre educação, ex-presidente afirmou não poder aceitar "mentiras" a seu respeito

O ex-presidente Lula fez um discurso inflamado durante o “Seminário de Educação Pública”, nesta segunda-feira (9/10) em Brasília. Ao falar sobre os processos onde é acusado pelo juiz Sérgio Moro, Lula afirmou não querer a absolvição por parte do juiz Sérgio Moro. “Eu só quero que ele peça desculpas”, alegou. Lula afirmou, também, que tem como legado respeitar o debate mas “eu não tenho respeito por quem não me respeita, eles porque não me respeitaram”.
 

O ex-presidente, porém, reconheceu a sua delicada situação judicial – onde é réu em sete ações. “Eu sei que estou lascado. Todo dia tem um processo”. Lula, porém, prometeu estar pronto para rebater as acusações. “Não tenho medo e não posso aceitar as mentiras que a Polícia Federal e o Ministério Público contou ao meu respeito, e não posso aceitar o juiz Moro ter aceito as mentiras e ter feito o julgamento que fez”, ponderou. Moro, inclusive, já o condenou em primeira instância a nove aos e seis meses de prisão, por envolvimento no caso do tríplex, no Guarujá – a defesa de Lula recorreu e o caso agora está no TRF-4, em Porto Alegre.

Em pouco mais de meia hora de discurso, Lula tocou poucas vezes no tema da candidatura, mas exaltou dados positivos da educação em seus oito anos de governo, sempre permeadas com críticas ao atual governo.  “Sintam vergonha de ter um torneiro mecânico mais preocupado com a educação desse país do que vocês”, provocou.

Organizado por alas do PT, o encontro discutiu os rumos da educação pública no país, mas também se transformou em palanque de críticas ao governo de Michel Temer e um ato de desagravo ao ex-presidente. Durante discurso antecedendo Lula, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse esperar, “como brasileiro e como professor, que dia 1º de janeiro de 2019 este pesadelo chamado Temer acabe, e o senhor [referindo-se a Lula] assuma a presidência da República”.

O evento reuniu parte da cúpula do partido onde, além de Lula, estiveram presentes a presidente do partido, a senadora pelo Paraná Gleisi Hoffmann, o governador do Piauí, parlamentares e ex-ministros dos governos de Lula e Dilma.

Bolsonaro

O ex-presidente também abordou em seu discurso a agenda do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Maior ameaça à liderança de Lula nas pesquisas eleitorais para 2018, Bolsonaro está em visita a quatro estados americanos.

Lula ironizou os encontros do deputado com membros do mercado financeiro. “Se o Bolsonaro agrada o mercado, nós do PT temos de desagradar o mercado”, garantiu, para aplauso dos correligionários presentes. O petista também se mostrou pouco simpático com o mercado financeiro – a quem disse ser tratado como um demônio. “Eu não tenho cara de demônio, mas eu quero que eles me respeitem como eu se fosse, porque a economia brasileira não vai ficar subordinada ao rentismo deste setor da sociedade brasileira”, disse.

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